Porsche 911 GT3 (996)

Já foi à algum tempo (quase dois anos), mas ao rever algumas fotos mais antigas das minhas várias visitas ao Autódromo do Estoril, apeteceu-me partilhar uma dessas que foi particularmente memorável.
Inexperadamente surgiu-me a oportunidade de simultâneamente conduzir um Porsche 911 pela primeira vez, ainda por cima em pista (track day) e como cereja no topo do bolo esse 911 era simplesmente um 996 GT3.
Para quem não sabe bem o que é um GT3, direi muito resumidamente que é incontestavelmente (e obviamente não sou eu que o digo) o melhor 996 que existiu e provavelmente um dos melhores 911 de sempre.

O seu motor refrigerado a ar e normalmente aspirado de 3.6 litros e respectiva transmissão deriva directamente do usado no GT1, bem como o sistema de lubrificação por carter seco, e que entre outras particularidades tem pistons em titânium. Limitado a 7.800 rpm, este motor debita 360cv, ou seja 100cv/litro o que se traduz em 4,7 seg. de 0 a 100 km/h e uma velocidade máxima de cerca de 290 km/h.
Se este números poderão parecer pouco especiais, principalmente nos dias de hoje onde vemos muitos construtores a vender carros de família com 5.0 litros e 500cv ou mais, direi apenas que em 1999 o 911 GT3 foi o primeiro modelo de produção a fazer menos de 8 minutos em Nurburgring, já para não falar que nesse mesmo ano a versão de competição deste carro venceu a classe nas 24 Le Mans, o que atesta bem toda a valência e equilibrio de todo o conjunto.
Este 911 de excepção consegue como muito poucos aliar a performance e o comportamento de um verdadeiro carro desportivo na pista, com a facilidade de condução fora delas nas normais deslocações do dia a dia. Resta apenas dizer que foram fabricados 1.858 exemplares e que em Portugal não devem ter sido vendidos mais do que uma mão cheia deles.

Quanto á minha experiência de condução em pista, não me vou armar em heroi e dizer que coloquei o GT3 a escorregar de traseira è saida cuva VIP ou algo assim, porque na verdade andei muito certinho a apreciar o som do 6 cilindros a subir de rotação à saida de cada curva, procurando não entrar em exageros e fugindo das molhadas, porque o objectivo era curtir a experiência e devolver o carro intacto ao dono, que com uma invejável calma me passou o carro para as mãos e me disse para ir dar uma volta. Mesmo sem a adrenalina ter ido ao limite, foi obviamente uma experiência fabulosa que ficará para sempre na memória. Até à data este foi sem dúvida alguma o melhor carro desportivo que alguma vez conduzi.