segunda-feira, 15 de março de 2010

Honda NR

Embora goste bastante de motas, sempre fui mais um expectador atento (quer da parte comercial, quer da desportiva) do que um verdadeiro apaixonado daqueles que estão sempre ao corrente das mais recentes novidades e dos mais infímos detalhes.
No entanto, sempre prestei atenção àquelas motas que se designam de bastante exclusivas ou até raras, como era o caso das Ducati, Bimota ou mais recentemente as MV Agusta.

Houve no entanto um modelo específico de uma marca generalista, que sempre se destacou no meu imaginário como algo à parte, essa mota era a HONDA NR. Não por ser digna de uma beleza extraordinária ou fora do vulgar, mas como estudante de engenharia à época, apaixonou-me o facto desta mota ser uma montra técnológica da Honda.
Senão vejamos, o motor tinha de capacidade 749cc e era um V4 a 90º. Até aqui nada de especial, no entanto os 4 pistons eram ovais, cada um com duas bielas e 8 valvulas por cilindro, já para não falar da parafernália de materiais nobres de que era feita. O motor debitava 125cv às 14.000 rpm, o que até pode parecer pouco, mas face ao baixo peso e isto ser à 20 anos, tem que se lhe diga.
As fotos abaixo ilustram o que esta mota tinha (e tem) de fantástico, mesmo para quem pouco percebe de mecânica.
O que me fez voltar a recordar este marco da industria motociclística, cerca de 20 anos depois do modelo ter saído para a estrada, foi o facto de um concessionário Honda em Estocolmo (Suécia) ter à poucos dias "desempacotado" pela primeira vez, uma Honda NR completamente nova que guardou durante quase 20 anos em armazém, tal e qual como saiu da fábrica. É o que literalmente se pode chamar, uma mota completamente original (fluidos incluídos).


Mas a notícia não é apenas esta, pois simultâneamente o mesmo concessionário "desempacotou", também nas mesmas condições de originalidade, outro marco do motociclismo e esta com mais de 20 anos. Falo de uma Honda RC30, mota que foi construída com o objectivo de homologação do modelo para o Campeonato do Mundo de Superbikes, onde se usava motores também de 750cc (se fossem de 4 cilindros). Para tal a Honda necessitou de construir umas quantas mota de série. Portanto, não é mais que uma mota de competição que alguns felizardos se davam ao luxo de usar na estrada, para ir apenas ao café, ou até só para colecção.

Claro que falta referir que quer a Honda NR, quer a Honda RC30, não eram propriamente baratas. Antes pelo contrário, a exclusividade delas começava logo no preço. A NR foi comercializada em Portugal por um valor de cerca de 10.000 contos (50.000€), se a memória não me falha. A RC30 não faço ideia, mas pelo que pesquisei andava a cerca do dobro do preço de uma mota "equivalente" (mesma cilindrada, mesma marca e desportiva).

Mas o melhor é assistir ao video onde mostra estas duas beldades a sairem da caixa onde repouzaram, tal como um belo vinho do Porto, durante quase 20 anos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

MX-5 na "Topos & Clássicos"

Quem acompanha mais ou menos este blog sabe que sou fã do Mazda MX-5.
Em virtude disso, compro quase tudo o que é revista que tenha um artigo de fundo sobre este modelo, desde a Classic & Sports Cars, Classic Cars, Auto Retro, Practical Classic, Classics Monthly e até numa ocasião a alemã Auto Bild Classic, para além de alguns livros específicos sobre o MX-5.

Em resumo, com tanta literatura direi que estou relativamente bem documentado sobre o modelo e actualmente já é raro comprar alguma coisa pois pouco trazem de novo. Até porque anualmente por altura da Primavera, todos estas publicações fazem um artigo sobre descapotáveis para se disfrutar do pouco sol do centro e norte da Europa e normalmente o MX-5 está lá sempre, junto dos "mais " clássicos.

Ok, há quem diga que o Mazda MX-5 não é um verdadeiro clássico porque ainda só fez 20 anos e como tal não deveria figurar nestas publicações (em Portugal o estatuto de clássico é aos 25 anos, mas na maioria dos paises europeus é de 20 anos), mas para mim ser ou não ser clássico pouco tem a ver com a idade, é muito mais importante o que essa viatura (ou produto em geral) representa, do que se tem ou não mais de 25 anos. Até porque há por aí carros com mais de 25 anos, que são tudo menos clássicos, são "antigos" ponto (e alguns são mesmo... é "velhos").

Bom, mas deixando-me de mais introduções, fiquei todo entusiasmado quando no fim de semana passado ao entrar numa papelaria vejo em primeiro plano a revista Topos & Clássicos, com uma capa dedicada aos 20 anos do Mazda MX-5 e com a foto de dois modelos (NA e NB) em destaque. Peguei na revista e dirigi-me à caixa. Como estavam duas pessoas para pagar antes de mim, tive um rasgo de bom senso e pensei... "deixa cá ver como é o artigo, não vá ser barrete"!Pois é, não era um "barrete", era um "barretaço" e até aos pés. Uma desilusão completa!

Eu sei que estou mal habituado, pois isto de ler publicações estrangeiras coloca a fasquia alta, mas quando pego numa revista nacional de clássicos, não estou obviamente à espera de um nível de qualidade geral equivalente aos best sellers, espero sim algo à nossa dimensão e que reflita a realidade que se vive no nosso país. Pois bem, o artigo que até ocupa 3 páginas é mau demais para ser verdade.

O Mazda MX-5 efectivamente comemorou 2o anos, mas já foi em 2009, tal como todas as publicações impressas e on-line referiram durante meados do ano passado, mas isto até dou de barato pois podiam perfeitamente não ter tido espaço num número anterior e aguardaram pelo início deste ano para fazer um artigo de fundo, até porque já se sabe que o periodo de Inverno é a época baixa dos clássicos em geral.

Mas nas 3 páginas (colocadas quase no final da revista) dedicadas ao artigo de capa que até deveria ser o mais extenso, encontramos um pequeníssimo texto de 3 parágrafos no fundo da primeira página, que se limita a pouco mais do que referir a festa de comemoração efectuada em Setembro de 2009 na pista da Mazda, no Japão (que eu também aqui referi em devida altura). O resto do artigo, são um conjunto de fotos retiradas de uma qualquer base de dados de "press releases" internacionais (que qualquer um de nós encontra numa simples pesquisa de imagens no Google), onde não existe absolutamente nenhum comentário às mesmas, para além de referir o ano do modelo. É lógico que dei meia-volta e coloquei de novo a revista no expositor, (embora tenha reparado nalguns artigos interessantes, como aquele sobre o restauro de um autocarro em Portugal ;D).

Será que existindo o Clube MX-5 Portugal que até conta com o apoio da Mazda Portugal, ou alguns foruns dedicados ao modelo e que organizam encontros regulares entre os seus membros, não seria mais interessante umas fotos de modelos "reais" que circulam no nosso país, com testemunhos dos seus proprietários, quer sobre o prazer que retiram da condução ou do simples passeio de cabelos ao vento, passando obviamente pelos custos de ter um veículo destes, seja para uso diário, seja para o fim de semana (quando o tempo ajuda...). Para além de referir os principais pontos observar quando se pensa adquirir um modelo destes, pois mesmo sendo japonês não são infalíveis nem indestrutíveis face a possíveis abusos de anteriores condutores menos cuidadosos, abordando o tema dos modelos importados do centro da Europa ou da América do Norte, podendo no limite (e se calhar agora estou a abusar um pouco) mencionar a possíbilidade de transformação e upgades que o modelo permite para quem pretender outros voos, referindo os especialistas locais neste modelo e também onde via internet se podem adquirir peças de substituição, acessórios ou os ditos upgrades.

Estas são apenas algumas ideias, para que o artigo tivesse algum sumo e fosse suficientemente interessante para que quer os possuidores deste modelo, quer potenciais novos compradores, decidissem adquirir a revista para saberem um pouco mais.

Assim, parece ser apenas um artigo a encher 3 paginas, para onde faltou assunto. Até podiam ter colocado o artigo, mas sem qualquer necessidade de referência na capa, muito menos como o grande destaque deste número.

Há alguns anos, o extinto Jornal dos Clássicos publicou um artigo onde comparava (o incomparável) dois roadsters com a mesma filosofia, mas de épocas diferentes. Era obviamente o Mazda MX-5 NA (ou MK1) e um dos seus inspiradores, o MG B.

Esse artigo, mesmo sem ser absolutamente extraordinário estava bem elaborado e merecia ser destacado em primeiro plano na capa.

Gostava muito de ter em Portugal pelo menos uma revista a sério de clássicos, nem que para tal se tivessem que fundir todas numa (carros, motas, etc...), mas na verdade não auguro um futuro promissor para a maioria, pelo que vou ter mesmo de continuar a apurar o meu inglês e francês (pelo menos).